São Paulo (10 de novembro de 2020)—Empresas de alimentos e de hotelaria de toda a América do Sul concordam que o bem-estar animal é uma parte essencial de qualquer compra e uso responsável, ou política de sustentabilidade, especialmente durante a atual pandemia. Esta mensagem foi um tema recorrente no workshop virtual “Do Compromisso à Ação” da Humane Society International, na semana passada, onde foi discutido o bem-estar dos animais de produção na América do Sul.
Entre os mais de 100 participantes, estiveram presentes empresas de diversos setores diferentes e de 5 países distintos, incluindo varejistas, cadeias de restaurantes, rede de hotéis e fabricantes de produtos de panificação, entre outros. Essas empresas juntaram-se a produtores de ovos e suínos, cientistas, investidores, especialistas em bem-estar animal e legisladores para discutir os esforços em andamento para promover a produção de ovos e carne suína usando sistemas que não confinam galinhas poedeiras e matrizes suínas em gaiolas e celas apertadas, com severa restrição de movimento.
O evento teve sessões em três dias consecutivos, e abordou três questões principais: o porquê e como adotar um compromisso de uso e compra exclusiva de produtos livres de gaiolas e/ou celas; oportunidades e desafios para fornecedores que buscam atender a essa nova demanda; e o apoio crescente a esse movimento, como evidenciado pelas novas abordagens de financiamento e investimento, políticas de apoio e a crescente demanda dos consumidores.
Por mais de 10 anos, a Humane Society International tem trabalhado em estreita colaboração com empresas, fornecedores e legisladores para apoiar padrões mais elevados de bem-estar animal nas cadeias de fornecimento em toda a região.
Maria Fernanda Martin, gerente de programas e políticas corporativas do Departamento de Proteção aos Animais de Produção da HSI no Brasil, observou: “Todos os dias trabalhamos com empresas dinâmicas e inovadoras para apoiar a implementação de políticas de bem-estar animal, para identificar oportunidades de colaboração e para compartilhar lições e exemplos entre as várias partes interessadas. A HSI está empenhada em fornecer às empresas e a seus fornecedores todas as ferramentas e recursos técnicos de que precisam para tornar realidade um futuro livre de gaiolas para galinhas poedeiras e um futuro livre de celas de gestação para matrizes suínas. E abraçamos novas empresas que queiram aderir a este movimento. Este ano, celebramos os compromissos livres de gaiolas de mais de duas dúzia de empresas; no próximo ano, esperamos ver ainda mais progresso à medida que o movimento continua a avançar”.
A Barilla, que ganhou o Prêmio Henry Spira de Progresso Corporativo, da Humane Society dos Estados Unidos, por fazer a transição de sua cadeia de fornecimento de ovos para 100% livres de gaiolas um ano antes do planejado, compartilhou as principais razões e ferramentas para finalizar essa transição mais cedo.
Fabiana Araujo, Gerente de Marketing da Barilla, disse: “Com o apoio da Fundação Barilla Center for Food and Nutrition, entendemos e realizamos ações que busquem o equilíbrio entre uma alimentação balanceada nutricionalmente e menores impactos no meio ambiente. A implementação de ovos cage-free é um passo importante em respeito aos consumidores e ao meio ambiente, e agradecemos à todas as associações e cadeia que nos apoiaram no processo, e desejamos que mais empresas possam fazer parte, aumentando a conscientização do consumidor quanto a possibilidade de melhores condições dos animais. Bem-estar animal é um tema urgente e precisa estar na pauta das lideranças.”
As empresas Arcos Dorados, Carrefour Argentina e AB Brasil, entre outras, reafirmaram que suas reputações e capacidade de manter a confiança do consumidor dependem, em parte, das fortes políticas de bem-estar animal.
De acordo com Vitor Oliveira, Gerente da Divisão de Ovos, da AB Brasil: “Participar de eventos como esse nos dá a chance de contribuir de maneira efetiva com o debate sobre o equilíbrio do sistema produtivo, a preservação da vida e a estabilidade ambiental. Como processadores de ovos, somos um elo intermediário, essencial da cadeia produtiva de ovo-produtos e, na posição que ocupamos, é recompensador perceber que estamos avançando com responsabilidade e planejamento no sentido de ampliar a disseminação de uma nova cultura capaz de aliar o respeito à vida animal e à prosperidade humana com ações viáveis”.
O Grupo Mantiqueira, maior produtor de ovos da América do Sul, compartilhou sua jornada rumo à produção livre de gaiolas, seu novo compromisso de não mais construir novas instalações com gaiolas e a importância de uma comunicação próxima e contínua com empresas e consumidores.
Leandro Pinto, presidente e fundador do Grupo, afirmou: “Estamos construindo uma empresa sustentável, nos reinventando e nos antecipando ao que as próximas gerações irão pedir. Os consumidores estão cada vez mais atentos a origem de seu alimento, e queremos participar destes valores que vêm sendo exigidos. E por prezar pela qualidade e transparência, assumimos o compromisso de não construir novas granjas de gaiolas, e também a fazermos grandes investimentos em granjas livres de gaiolas para que, até 2025 tenhamos 2,5 milhões de galinhas nesse sistema. Acreditamos que com esta mudança a Mantiqueira irá revolucionar a avicultura brasileira. Queremos que nosso propósito de focar no bem-estar animal democratize e torne acessível o consumo de ovos de galinhas criadas livres de gaiolas para todas as classes sociais.”
Na América do Sul e em todo o mundo, galinhas poedeiras passam toda a vida confinadas em gaiolas de arame tão pequenas que as aves não conseguem sequer abrir suas asas completamente. A ciência confirma o que o senso comum já nos diz: a falta de espaço e a restrição de movimento são prejudiciais à saúde física desses animais e causam enorme frustração e sofrimento.
Matrizes suínas também são confinadas em celas de gestação.
No entanto, defensores de melhores condições de bem-estar animal estão fazendo um enorme progresso na América do Sul. Mais de 100 empresas de alimentos e de hotelaria da região se comprometeram a utilizar e fornecer exclusivamente ovos livres de gaiolas a partir de 2025, ou antes. O futuro é livre de gaiolas e celas, e a América do Sul está mostrando o caminho.
FIM
Contato de mídia: Maria Fernanda Martin: mfmartin@his.org; (11) 95770-9922