A HSI está trabalhando para alterar as regulamentações de testes de agrotóxicos no Brasil e no mundo

Humane Society International


  • A HSI contribui para pôr fim a vários testes de agrotóxicos na Europa e nos Estados Unidos, incluindo um teste de envenenamento de 12 meses de cães. Shutterstock

  • Teste cutâneo de “dose letal” (LD50), desaparecendo na Europa graças à HSI. Photobucket

  • Estudos de toxicidade reprodutiva e de desenvolvimento consomem entre 1.300 e 2.600 mães e bebês ratos por substância testada. Photobucket

Agrotóxicos, como herbicidas, repelentes de insetos e produtos de limpeza que pretendem “matar germes”, estão entre os produtos mais testados em animais que existem. As regulamentações governamentais podem exigir dezenas de testes diferentes envolvendo o envenenamento de animais para avaliar a segurança de um único novo agrotóxico.

Alguns testes usam milhares de animais de cada vez, enquanto outros se repetem duas ou até três vezes utilizando diferentes espécies de animais ou vias de administração (por exemplo: alimentação forçada por via oral, inalação forçada e aplicação na pele). Isso significa terrível sofrimento e morte para milhares de coelhos, roedores, aves, peixes, e até mesmo cães, a cada novo agrotóxico introduzido no mercado.

Peritos da HSI estão trabalhando no Brasil e ao redor do mundo em cooperação com empresas e autoridades governamentais para substituir testes obsoletos de agrotóxicos por “melhores práticas” modernas ‒ ensaios que substituem ou reduzem a utilização de animais, mas continuam a proteger a saúde humana e o meio ambiente dos riscos tóxicos ‒ e estamos fazendo progressos sem precedentes.

Promovendo mudanças

Uma intensa campanha liderada pela HSI levou a União Europeia a fazer mais de 80 alterações nos regulamentos de testes de agrotóxicos. Juntas, essas alterações têm o potencial de reduzir pela metade o número de animais utilizados para testar uma nova substância ativa biocida em comparação aos requisitos anteriores. Estamos trabalhando para alcançar progressos semelhantes em outros países-chave, incluindo os Estados Unidos, Canadá, Japão, Índia e Brasil.

Trabalhando com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária para atualizar as regulamentações brasileiras

No Brasil, o maior mercado de agrotóxicos do mundo, a HSI está trabalhando para atualizar as regulamentações de agrotóxicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que são antigas e datam de 25 anos atrás, a fim de abolir os obsoletos testes em animais e abraçar modernos métodos alternativos. Em abril de 2014, o primeiro Workshop Internacional de Métodos Alternativos para a Avaliação de Segurança de Agrotóxicos patrocinado pela HSI aconteceu em Brasília. O workshop contou com representantes da HSI, ANVISA, BraCVAM e cientistas especializados em toxicologia regulamentar. A HSI está defendendo uma redução dos requisitos de testes em animais e uma aceitação mais ampla de métodos avançados, que diminuem o uso de animais e são capazes de prever com maior eficácia os efeitos tóxicos das substâncias para as pessoas e o meio ambiente.

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Os testes que utilizam animais para avaliar a segurança de produtos químicos como cosméticos, pesticidas e drogas farmacêuticas ainda são bastante comuns. Embora os requisitos de teste difiram de país para país e de setor para setor, novos ingredientes que exigem avaliação de segurança muito provavelmente passarão por alguns ou todos os testes listados abaixo, e possivelmente por outros. Anestésicos não são fornecidos aos animais para que não haja interferência nos resultados do teste, e os animais utilizados são quase sempre sacrificados no final de uma experiência. Todos os testes listados abaixo constam no Guia para Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos da ANVISA.

TIPO DE TESTE

ANIMAIS UTILIZADOS

SOFRIMENTOS CAUSADOS PELOS TESTES

OBJETIVO DO TESTE

Sensibilidade 
cutânea

 
32 porquinhos-da-índia
ou 16 camundongos

A substância teste é aplicada na superfície da pele ou injetada sob a pele de um porquinho-da-índia ou aplicada na orelha de um camundongo. A pele dos animais pode mostrar sinais de vermelhidão, descamação, úlceras, inflamação e coceira. Testes para reações alérgicas na pele.
Corrosividade e irritação dérmica


 1-3 coelhos

A substância teste é aplicada na pele raspada dos coelhos. A pele pode apresentar sinais de vermelhidão, erupções cutâneas, lesões, descamação, inflamação e / ou outros sinais de lesões.

 Testes de irritação dérmica (lesões de pele reversível) e corrosão dérmica (danos graves e irreversíveis na pele).
 Corrosividade e irritação ocular


1-3 coelhos

 A substância teste é aplicada nos olhos dos coelhos. Seus olhos podem mostrar sinais de vermelhidão, sangramento, úlceras, cegueira e/ou outras evidências de lesões.   Testes de irritação ocular (danos reversíveis nos olhos) e corrosão ocular (lesões oculares graves e irreversíveis).
  Toxicidade aguda oral

 


7 ratos

 Os animais são forçados a ingerir a substância teste com uma seringa. Eles podem ter diarreia, sangramento na boca, convulsões, paralisia e, finalmente, a morte. Determina a quantidade de uma substância que provoca a morte na metade dos animais expostos em um prazo de 14 dias após a ingestão da substância.
Toxicidade dérmica aguda


30 ratos, coelhos
ou porcos da Índia

 A substância teste é aplicada na pele raspada do animal e coberta com um adesivo para ele não a lamber ou remover. Determina a quantidade de uma substância que provoca a morte na metade dos animais expostos em um prazo de 14 dias da exposição, quando a substância é aplicada na pele durante 24 horas.
 Toxicidade inalatória


20-40 ratos

 Os ratos são presos em tubos de retenção e forçados a inalar a substância teste. Os ratos podem ter sangramentos nasais, convulsões, paralisia, e finalmente, a morte. Determina a quantidade de uma substância que provoca a morte na metade dos animais expostos em um prazo de 14 dias da exposição, quando a substância é inalada.
 Toxicidade subaguda e subcrônica


40 ratos (14-28 dias)
ou 80 ratos (90-180 dias)

 Ratos são forçados a ingerir uma substância, forçados a inalar uma substância e/ou a substância é aplicada na pele diariamente, durante 14, 21, 28, 90 e/ou 180 dias. No final do período de exposição, os animais são sacrificados e seus órgãos são examinados. Testes para monitorar alterações causadas por exposição repetida nas células ou órgãos.
 Toxicidade crônica


120 ratos

   Ratos são forçados a ingerir uma substância, forçados a inalar uma substância e/ou uma substância é aplicada na  pele diariamente durante um ano ou mais. No final do período de exposição, os animais são sacrificados e seus órgãos são examinados.  Mede a absorção, distribuição e metabolismo de uma substância através dos tecidos e órgãos após exposição.
 Carcinogenicidade


400 camundongos + 400 ratos

 Roedores são expostos a uma substância na sua alimentação ou água ou são  forçados a inalar ou a ingerir essa substância. Após dois anos de exposição diária, eles são sacrificados para que seus tecidos possam  ser examinados e sinais de câncer (ou outros sinais de toxicidade) sejam detectados.

Testes para câncer e outros efeitos em longo prazo de exposição.

 Toxicocinética


4-12 ratos

  Ratos são expostos a uma substância na sua alimentação ou água ou são forçados a inalar ou a ingerir essa substância, ou a substância é esfregada na pele. Eles podem ser expostos uma vez ou várias vezes, dependendo da substância. O sangue é coletado em intervalos diários para determinar a concentração máxima da substância no sangue. Eles são então sacrificados em diferentes intervalos de tempo para que se obtenham informações sobre como a substância se move através de seus corpos ao longo do tempo.  Mede a absorção, distribuição e metabolismo de uma substância através da análise dos tecidos e órgãos após a exposição.
 Toxicidade reprodutiva


1.400-2.600 ratos

  Ratos adultos machos e fêmeas são expostos, geralmente por alimentação forçada, durante pelo menos duas semanas e depois se reproduzem. As fêmeas prenhes são expostas diariamente durante a gravidez e o aleitamento e depois são sacrificadas. Após o desmame, os filhotes são alimentados de maneira forçada ao longo de suas vidas, às vezes com sintomas de intoxicação crônica, como perda de peso ou convulsões. Os filhotes que sobrevivem até a puberdade são então reproduzidos e alimentados à força durante a gravidez e o aleitamento da segunda geração. No momento do desmame da segunda geração, mães e filhotes são todos sacrificados e seus tecidos examinados.  Testa os efeitos de uma substância sobre a fertilidade, a capacidade de reprodução e os defeitos de nascimento.
 Toxicidade desenvolvimental (defeitos de nascença)


480 coelhos (100 coelhas adultas e 380 filhotes) ou 1.300 ratos (100 fêmeas adultas e 1.200 filhotes)

As fêmeas prenhes são expostas a uma substância, normalmente por alimentação forçada, a partir do início da gravidez e ao longo dela. Elas são então sacrificadas no dia anterior ao parto (em média, 22 dias para ratos e 31 dias para coelhos). Os filhotes são extraídos e sinais de desenvolvimento de anormalidades são avaliados. Testes para defeitos de nascença.
 Toxicidade genética/Mutagenicidade


80-500 camundongos ou ratos

 Existem vários testes diferentes para alterações genéticas que usam camundongos ou ratos. Em um teste comum, um camundongo ou um rato é exposto a uma substância por alimentação forçada no mínimo diariamente, durante 14 dias. Amostras de sua medula óssea e/ou de sangue são coletadas para monitorar mudanças genéticas. Testes para os estágios iniciais de câncer.
Teste de irritação da mucosa peniana/vaginal


 coelhos

A substância teste é aplicada na vagina de coelhas com auxílio de cateter durante 5 dias consecutivos ou sobre a mucosa peniana de coelhos em 4 aplicações com intervalo de 1 hora entre elas. Para as coelhas, faz-se uma leitura macroscópica 24 horas após a última aplicação e, para os coelhos, as leituras são realizadas anteriormente a cada aplicação e também 24 e 48 horas depois da última aplicação. Após a última leitura, os animais são sacrificados e submetidos a mais exames.  Testes para determinar efeitos irritantes potenciais de substâncias.

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Os conselhos internacionais de proteção animal da OCDE e de programas farmacêuticos (ICAPO e ICAPPP) são plataformas de associações através das quais organizações de proteção animal, incluindo a HSI, podem interagir com os reguladores globais de produtos químicos e farmacêuticos com o apoio da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), da Conferência Internacional de Harmonização dos Requisitos para Registro de Produtos Farmacêuticos (ICH), e da Cooperação Internacional Veterinária de Harmonização dos Medicamentos Veterinários (VICH).

A OCDE é uma aliança econômica composta por 34 países que trabalha para promover a coerência internacional em muitas áreas, incluindo os testes, rotulagens e regulamentações de produtos químicos. ICH e VICH são grupos de diálogo trilateral que reúnem reguladores governamentais e associações nacionais industriais dos três principais mercados farmacêuticos internacionais –a Europa, o Japão e os Estados Unidos – para que trabalhem em direção a uma harmonização internacional no que se refere aos requerimentos e abordagens dos testes de medicamentos humanos e veterinários para garantir a segurança, eficácia e qualidade dos mesmos.

As três entidades publicam diretrizes influentes de testes, que continuam a orientar predominantemente os métodos com animais, que por sua vez são desumanos e ultrapassados. Através do ICAPO e ICAPPP, a HSI trabalha para promover métodos mais humanitários e sofisticados, além de estratégias que permitam uma melhor avaliação dos riscos humanos e ambientais de produtos químicos e que podem substituir, reduzir ou refinar o uso de animais.

Saiba mais em icapo.org.

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A Segunda Sem Carne pede aos consumidores que tirem a carne do prato um dia por semana — uma ótima forma de reduzir os impactos sociais, ambientais e sobre o bem-estar animal da criação de 70 bilhões de animais terrestres para consumo a cada ano em todo o mundo. Aqui vão algumas sugestões simples para a sua organização ajudar este crescente movimento:

Aproveitar as redes sociais para encorajar que as pessoas apoiem a Segunda Sem Carne, por exemplo:

  • Enviar tweets e posts de Facebook semanalmente, às segundas (durante seis meses ou mais), pedindo às pessoas que tirem a carne do prato naquele dia;
  • Postar receitas do site www.segundasemcarne.com.br uma vez por semana (durante seis meses ou mais) no Facebook, ou incluir o link no Twitter;
  • Postar o vídeo da HSI “De onde vem a nossa comida?” ou outro vídeo que promova a Segunda Sem Carne no canal do Youtube da sua organização, ou compartilhar o vídeo no Facebook e no Twitter;
  • Incluir uma matéria sobre a Segunda Sem Carne no seu newsletter. 

Fazer nota de imprensa, notícia em website ou post em blog pedindo aos seus apoiadores que pratiquem a Segunda Sem Carne, explicando o alinhamento da Segunda Sem Carne com o trabalho e/ou missão da sua organização, e incluindo links para conteúdo relevante como guias, receitas, vídeos e outros (como o conteúdo de redes sociais mencionado acima).

Promover a petição on-line da HSI ou criar uma petição on-line própria onde seus membros possam se comprometer a aderir à Segunda Sem Carne e onde possam se registrar para receber informações sobre a Segunda sem Carne.

Encorajar escolas, restaurantes e governos a se juntarem à mensagem “menos carne”. As escolas, por exemplo, podem oferecer refeições sem carne uma vez por semana (como já está ocorrendo na rede pública de ensino do município de São Paulo), enquanto os restaurantes podem oferecer opções sem carne especiais (ou com desconto) às segundas. Os governos podem valer-se de uma série de meios para encorajar indivíduos a fazer mais escolhas sem carnes.

Exibir um poster com a logomarca da Segunda sem Carne nos eventos da sua organização, tirando fotos para que nós possamos ajudar a divulgar o evento. Você pode também fazer eventos para promover a campanha, incluindo em conjunção com dias de ação global (exemplo aqui).

Promover o Guia HSI para uma Alimentação Sem Carne ou criar um guia próprio da sua organização. Você pode também incluir sugestões e dicas simples sobre a redução do consumo de carne nos seus outros materiais, flyers, guias e manuais.

Encorajar apoiadores influentes da sua organização, como celebridades, figuras públicas e chefs renomados, para que participem da Segunda Sem Carne e falem no Twitter e na mídia sobre os motivos da participação.

A HSI está aqui para ajudar. Por favor entre em contato conosco no e-mail brasil@hsi.org se tiver dúvidas e para discutir possíveis caminhos e estratégias de campanha.

Veja o nosso flyer “Por que e como sua organização deve apoiar a Segunda Sem Carne” [pdf]

Confira o Guia HSI para uma Alimentação Sem Carne

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  • A HSI, através da campanha Liberte-se da Crueldade, está liderando os esforços para pôr um fim nos testes em animais. iStock

P: Os testes de cosméticos em animais são requisitos legalmente exigidos no Brasil?

R: O uso de animais em testes de segurança para cosméticos não é um requisito obrigatório no Brasil, embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que regula os cosméticos, continue referenciando os testes em animais em suas diretrizes oficiais e afirmando que o uso de animais continua sendo necessário para testes de cosméticos. Apesar das orientações da ANVISA, várias empresas de cosméticos têm tomado medidas para responder às preocupações do público sobre a experimentação animal e eliminaram completamente o uso de animais de seus programas de testes de segurança.

P: Os testes em animais para cosméticos já são proibidos em outros países?

R: Sim! Na União Europeia, os testes de cosméticos em animais são proibidos desde 2009 e a venda de cosméticos testados em animais foi proibida a partir de Março de 2013. Israel aplicou uma legislação similar em 2007 e 2013. Mudanças legislativas estão sendo consideradas na Índia e na Coréia do Sul. Na maioria dos outros países, testes de cosméticos em animais não são exigidos nem proibidos e, desta forma, os testes são feitos a critério das empresas de cosméticos e dos fornecedores de ingredientes. A China está revisando sua regulamentação a fim de retirar a obrigatoriedade de testes em animais para certos tipos de produtos cosméticos.

P: Quantos animais são usados anualmente em testes de cosméticos no Brasil e que tipo de testes são realizados neles?

R: Não existem estatísticas oficiais sobre o uso de animais pela área de cosméticos no Brasil. Testes recomendados pela ANVISA incluem o uso de camundongos, ratos, coelhos e hamsters. Os experimentos podem envolver testes de irritação ocular e cutânea: os produtos químicos são esfregados sobre a pele raspada ou pingados nos olhos de coelhos; estudos que implicam alimentação forçada e repetida durante semanas ou meses para detectar sinais de doença geral ou riscos específicos para a saúde, como o câncer ou defeitos de nascimento; e até mesmo o amplamente condenado teste de “dose letal”, no qual os animais são forçados a ingerir grandes quantidades de um produto químico para determinar a dose mortal dessa substância. Outros testes envolvem produtos aplicados no pênis e na vagina de coelhos com cateteres. No final dos testes, os animais são sacrificados, normalmente por asfixia, quebra do pescoço ou decapitação. Anestésicos não são utilizados.

P: Como as empresas de cosméticos podem garantir a segurança de seus produtos sem a utilização de testes em animais?

R: As empresas podem garantir a segurança de seus produtos escolhendo dentre os milhares de ingredientes existentes que possuem uma longa história de uso seguro, juntamente com o uso de um número crescente de métodos alternativos que não envolvem o uso de animais. Esta é a abordagem usada por centenas de empresas certificadas como livres de crueldade pelo programa ‘Leaping Bunny’ reconhecido internacionalmente. O Ministério da Ciência e Tecnologia está trabalhando para expandir a aceitação e a utilização de métodos modernos de testes de segurança sem animais através da criação de uma Rede Nacional de Métodos Alternativos (RENAMA) em todo o Brasil, com as competências e os equipamentos para implementar esses testes.

P: É seguro usar métodos alternativos em vez de testes em animais?

R: Métodos alternativos sem animais representam a técnica mais recente que a ciência tem a oferecer, tendo sido cuidadosamente avaliados pelas autoridades públicas em vários laboratórios para confirmar que os resultados podem prever os efeitos em pessoas de maneira confiável. Em contraste, muitos dos testes em animais em uso atualmente datam dos anos 1920 ou 1940 e nunca foram validados. Ē de conhecimento geral que os animais em laboratório podem responder de forma muito diferente dos seres humanos quando expostos aos mesmos produtos químicos. Isso significa que os resultados de testes em animais podem ser irrelevantes para os humanos, porque eles superestimam ou subestimam o perigo real para as pessoas, e que a segurança do consumidor não pode ser garantida.

Hoje, métodos alternativos podem combinar os mais recentes testes baseados em células humanas com modelos computacionais sofisticados para gerar resultados relevantes para os seres humanos em horas ou dias, ao contrário de alguns testes em animais que podem levar meses ou anos. Métodos alternativos sem animais também são geralmente muito mais rentáveis do que os testes que utilizam animais. E, pelo fato de esses métodos terem sido cientificamente validados, trazem um maior nível de segurança para os consumidores do que os testes tradicionais em animais.

P: O que significa “livre de crueldade” em se tratando de cosméticos?

R: Uma empresa de cosméticos livre de crueldade é uma empresa que eliminou a experimentação animal em todos os níveis de produção a partir de uma data precisa. Isso se aplica tanto aos testes de produtos acabados como aos testes de cada ingrediente. A fim de cumprir os seus compromissos para ser livre de crueldade, a empresa não pode vender seus produtos em países que exigem testes em animais, nem pode usar ingredientes novos que eventualmente levariam a realização de novos testes em animais, e deve garantir que todos os seus fornecedores de ingredientes também se comprometam a não fazer novos testes em animais.

P: O que a Humane Society International está fazendo a nível mundial para acabar com os testes de cosméticos em animais?

R: A HSI, através da campanha Liberte-se da Crueldade, está liderando os esforços para que governos e agências reguladoras ao redor do mundo utilizem seus poderes para acabar com testes em animais para cosméticos e seus ingredientes. Nenhum animal deveria sofrer por causa de um novo produto de beleza.

No Brasil, a HSI tem sido a única organização de proteção animal que vem trabalhando para influenciar a revisão das diretrizes de testes para cosméticos da ANVISA, a fim de eliminar testes ultrapassados e implementar métodos alternativos reconhecidos internacionalmente. Apoiamos financeiramente um seminário voltado a empresas e funcionários do governo para que, de forma prática, eles pudessem conduzir e interpretar os resultados de testes de segurança sem animais reconhecidos internacionalmente. E, em novembro de 2012, a HSI organizou um encontro de alto padrão sobre ciência e regulamentação para abordar questões científicas, regulatórias e jurídicas corporativas acerca dos testes de segurança e sobre a avaliação dos cosméticos para o mercado brasileiro, com ênfase na substituição definitiva dos testes em animais para testes sem animais. O encontro reuniu mais de 30 especialistas de renome de agências governamentais do Brasil, da Europa e dos EUA, o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM), a Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC), fabricantes de cosméticos e fornecedores de ingredientes, instituições de pesquisa, acadêmicos e ONGs do Brasil, Europa, Canadá e Estados Unidos.

HSI também está trabalhando para conscientizar o público e os consumidores sobre a questão da experimentação animal para que um número crescente de empresas decida se tornar livre de crueldade. Em coordenação com os nossos parceiros ProAnima, ARCA Brasil e o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA), a maior rede de proteção animal do Brasil, com mais de 130 entidades afiliadas, organizamos atividades de conscientização e divulgamos a declaração Liberte-se da Crueldade.

P: Como eu posso ajudar?

R: Você pode participar com essas ações simples e assim ajudar a HSI a acabar com testes em animais para cosméticos:

  • Assine a declaração Liberte-se da Crueldade da HSI para mostrar que você apoia a proibição dos testes de cosméticos em animais no Brasil.
  • Compre produtos livres de crueldade—e não compre produtos que foram testados em animais.
  • Entre em contato com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) para pedir que as empresas se tornem livres de crueldade.
  • Doe para ajudar a HSI a acabar com testes de cosméticos em animais no Brasil e no mundo.

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  • IIVS

O Brasil tem se tornado rapidamente um dos principais mercados mundiais de cosméticos e outros produtos. Ao mesmo tempo, processos recentes no país demonstram um crescente interesse na implantação de métodos alternativos para fins científicos.

Em 2008, o Brasil adotou sua primeira legislação para a proteção de animais com fins científicos. Entre outras coisas, esta lei criou o “Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal” (CONCEA), que deve monitorar e avaliar a introdução de métodos alternativos no Brasil. Mais recentemente, em setembro de 2011, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a Fundação Oswaldo Cruz, ambas ligadas ao Ministério da Saúde, criaram em conjunto o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM).

Mas as exigências de teste no Brasil continuam a requerer o uso intensivo de animais, inclusive a exigência de testes em animais para produtos cosméticos finalizados — uma prática eliminada há anos na Europa, América do Norte e várias outras regiões.

Construindo parcerias para o progresso

A equipe de Ciências da HSI tem trabalhado com autoridades brasileiras e empresas do ramo de cosméticos e outros setores para conseguir aceitação e aplicação de métodos e estratégias validadas para testes sem o uso de animais, a fim de atualizar os regulamentos e exigências de forma a reduzir os testes em animais o máximo possível.

Uma vez que a educação é vital para a aceitação de abordagens alternativas para testes, a HSI copatrocinou em novembro de 2011 um curso de treinamento em Goiânia, Brasil (organizado pelo SeCAM e pelo Institute for In Vitro Sciences) para aproximar cientistas da indústria e autoridades governamentais dos testes sem animais reconhecidos internacionalmente. O evento foi muito bem sucedido, uma vez que conseguiu ampla participação de autoridades reguladoras brasileiras, da indústria e de cientistas de universidades. O setor cosmético foi particularmente bem representado, e expressou sua disposição de explorar melhor os aspectos regulatórios dos testes de cosméticos no Brasil.

A HSI organiza agora um workshop de acompanhamento para junho de 2012, em parceria com o departamento de cosméticos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os objetivos do workshop são:

  • Explorar a regulamentação atual de cosméticos e as exigências de testes no Brasil, Europa e América do Norte
  • Examinar como é feita, sem testes em animais, a avaliação de segurança dos produtos finalizados em outras partes do mundo
  • Apresentar o recente progresso científico em todo o mundo na busca pela total substituição dos testes em animais
  • Facilitar o debate sobre a relevância dos testes em animais e a aplicabilidade de testes alternativos para a avaliação de segurança de cosméticos e outros produtos

A organização do workshop também incluirá o Ministério da Saúde, o CONCEA, a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Cosméticos) e o INCQS (que ajudou a estabelecer o BraCVAM e é parte da Fundação Oswaldo Cruz).

Traduzido com a colaboração de Graziella Gallo

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  • Donna Gentile Wierzbowski

Qualquer que seja a razão que faz você deixar os laticínios e os ovos fora do prato – pelos animais, pelo meio ambiente ou por questões de saúde – você não precisa dizer adeus aos seus doces favoritos. De fato, preparar versões sem ovos ou leite – de quase qualquer doce ou receita – é mais fácil do que você pensa. Há muitas formas de substituir os ovos e o leite.

Substitutos para ovos

Banana ou purê de maçã: Banana e purê de maçã funcionam bem em várias receitas assadas, como biscoitos, muffins e panquecas. Tenha em mente que a banana pode alterar o gosto da receita.
 
Para cada ovo que a receita pede, amasse ou bata 1/2 banana grande ou use 1/4 de xícara de purê de maçã.
 
Tofu: Tofu é um ótimo substituto para receitas que levam muito ovo (como quiches e algumas sobremesas), por dar a mesma consistência “fofinha”.
 
Para cada ovo, amasse 1/4 de xícara de tofu macio.
 
Linhaça: Sementes de linhaça são um substituto nutritivo e têm um gosto semelhante ao de nozes. Funciona melhor em pratos assados como biscoitos, brownies e waffles.
 
Para cada ovo a ser substituído, triture 1 colher de sopa de sementes de linhaça com 3 colheres de sopa de água até a mistura ficar grossa e viscosa.
 
Outras formas de substituir os ovos:
 
1 ovo corresponde a:
 
2 colheres de sopa de água + 1 colher de sopa de óleo + 2 colheres de sopa de fermento em pó
 
2 colheres de sopa de farinha de trigo + 1/2 colher de sopa de gordura vegetal + 1/2 colher de sopa de fermento em pó + 2 colheres de sopa de água
 

Substitutos para laticínios

Leite: Os melhores substitutos ao leite para receitas assadas são o leite de soja e o leite de amêndoa.

Use uma xícara de leite de soja ou de amêndoa para cada xícara de leite que conste na receita.

Em alguns locais, você pode encontrar tais leites vegetais nos supermercados. Alternativamente, você pode fazer em casa o seu próprio leite de soja ou de amêndoa.

Leite de amêndoa

Amêndoas tem muita proteína, magnésio, fósforo, potássio, ferro e zinco, e não contêm colesterol.

1/2 xícara de amêndoas puras e cruas, colocadas de molho de véspera
2 xícaras de água

1. Coloque as amêndoas de molho na véspera do preparo.
2. Jogue fora a água usada para deixar as amêndoas de molho (caso se deseje, pode-se descascar as amêndoas).
3. Em um liquidificador, bata as amêndoas até formar uma pasta cremosa, adicionando um pouco da água se necessário.
4. Adicione o restante da água.
5. Coe a mistura para remover qualquer pedaço de amêndoa que tenha restado.
6. Adicione mais água caso seja necessário para atingir a consistência desejada.
7. Uma vez preparado, o leite deve ser refrigerado. Na geladeira, dura quatro dias.

Leite de soja

140g de grãos de soja (idealmente, já partidos ao meio)
água

1. Para fazer 1 litro de leite de soja, coloque os grãos em uma panela e jogue 3 litros de água fervendo sobre eles.
2. Deixe esfriar e reserve por 6 a 12 horas.
3. Jogue fora a água, adicione 1 litro de água fria e misture em um liquidificador por 3 minutos.
4. Coe o leite dos grãos espremendo a mistura em um pano de prato limpo.
5. Leve o leite de soja ao fogo até o ponto de fervura e deixe ferver por 10 minutos. Serve duas pessoas.

Manteiga

Óleo pode ser usado para substituir a manteiga em receitas assadas.

Para cada xícara de manteiga que a receita pede, use 3/4 de xícara de óleo vegetal ou de canola.

Brownies sem ovos ou leite

2 xícaras de farinha de trigo
2 xícaras de açúcar refinado
3/4 de xícara de cacau em pó (sem açúcar)
1 colher de chá de fermento em pó
1 colher de chá de sal
1 xícara de água
1 xícara de óleo vegetal
1 colher de chá de extrato de baunilha

1. Pré-aqueça o forno a 175 °C.
2. Misture a farinha e a água em uma grande bacia e reserve por alguns minutos.
3. Acrescente açúcar, cacau em pó, fermento em pó e sal.
4. Acrescente óleo vegetal e baunilha. Misture até ficar bem homogêneo.
5. Distribua a mistura do brownie em uma forma (sugere-se forma de aproxim. 20x30cm).
6. Asse por 25-30 minutos.
7. Deixe esfriar por 10 minutos antes de cortar em pequenos quadrados.

Veja nosso Guia HSI para uma Alimentação sem Carne para mais receitas e dicas para uma alimentação consciente

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  • Michelle Riley

A cada ano que passa, mais pessoas ao redor do mundo sofrem de obesidade, doenças cardíacas, câncer, diabetes e hipertensão. Escolher opções vegetarianas no lugar de carne, ovos e laticínios ajuda não somente os animais e o meio ambiente—ajuda também a nossa saúde. Muitas das doenças crônicas que assolam o mundo podem ser prevenidas, tratadas e, em alguns casos, até revertidas com uma dieta à base de vegetais.

Taxas crescentes de obesidade ocorrem até em países em desenvolvimento, onde a subnutrição também é uma preocupação. Mundialmente, existem agora mais pessoas acima do peso do que desnutridas.

Para confrontar esse problema crescente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as pessoas comam mais frutas, verduras, grãos integrais, nozes e castanhas, e também que procurem eliminar as gorduras saturadas de origem animal em benefício das gorduras insaturadas dos vegetais.

A OMS não está sozinha. Importantes autoridades e especialistas da área de nutrição em diversos países ao redor do mundo têm recomendações dietéticas semelhantes, incluindo na China, Índia, União Européia, Estados Unidos, Brasil, México e Taiwan.

Dicas para uma dieta completa

Enquanto os estudos têm mostrado os muitos benefícios de saúde da alimentação vegetariana, a simples eliminação dos produtos animais da sua dieta não assegura automaticamente boa saúde.

Como acontece em qualquer plano alimentar, é importante conhecer algumas informações nutricionais básicas.

Fazer refeições vegetarianas torna mais fácil evitar comidas ricas em gordura saturada e colesterol, bem como garantir uma grande quantidade de frutas, legumes e verduras. No entanto, existem alguns nutrientes chave nos quais deve-se prestar atenção:

Vitamina B12: Aqueles que consomem produtos animais ingerem esta vitamina, que é produzida por bactérias dentro dos corpos dos animais. Aqueles que consomem uma dieta alimentar a base de vegetais devem incluir um suplemento de B12, ou desfrutar de alimentos enriquecidos com B12 (como cereais matinais ou leite de soja) para obter uma fonte regular e confiável de B12.

Ácidos Graxos Ômega-3: Essas gorduras essenciais são importantes por uma variedade de razões – incluíndo a otimização da saúde cardiovascular—e são encontradas em nozes, sementes de linhaça, óleo de linhaça, óleo de cânhamo, óleo de canola e suplementos derivados de algas.

Vitamina D: Essa vitamina é importante para a boa saúde dos ossos. Nossos corpos produzem vitamina D quando estamos expostos à luz solar. Passar algum tempo ao ar livre todos os dias sem protetor solar é uma boa idéia para todos—bem como, em tempos muito frios, comer alimentos enriquecidos com vitamina D ou tomar um suplemento.

Proteína: Um equívoco comum sobre dietas vegetarianas é supor que elas não podem fornecer proteína suficiente. Esse mito foi desmentido pelas autoridades de nutrição do mundo. Comer um número adequado de calorias derivadas de qualquer variedade normal de alimentos vegetais geralmente nos dá todas as proteínas de que o nosso corpo necessita. Amêndoas, feijão preto, arroz integral, castanhas de caju, grão-de-bico, feijões comuns, lentilha, favas, manteiga de amendoim, quinoa, seitan (uma imitação de carne à base de trigo), soja, leite de soja, sementes de girassol, proteína vegetal texturizada (PVT) e tofu são, todos, alimentos vegetais ricos em proteínas.

Ferro: O nosso corpo necessita de ferro para manter o oxigênio circulando por toda a corrente sanguínea. Em casos extremos, uma deficiência de ferro pode levar à fadiga e outros problemas. Felizmente, o ferro é abundante em fontes não animais. Feijão preto, gérmen de trigo, castanha de caju, grão-de-bico, feijões, lentilhas, feijões brancos, aveia, sementes de abóbora, uvas passas, soja, leite de soja, espinafre, sementes de girassol, tofu, suco de tomate e pão de trigo integral são boas fontes de ferro.

Cálcio: Todo mundo sabe que precisamos de cálcio para ossos fortes, mas o que a maioria das pessoas não sabe é que o nosso risco de osteoporose pode ser diminuído através da redução da ingestão de sódio, comendo mais frutas e verduras, praticando exercício e gerando quantidade suficiente de vitamina D a partir da luz solar ou de alimentos enriquecidos. Amêndoas, feijão preto, brócolis, suco de laranja enriquecido com cálcio, couve-folha, mostarda, feijões comuns, sementes de gergelim, soja, leite de soja, proteína vegetal texturizada (PVT) e tofu são, todos, excelentes fontes de cálcio sem colesterol.

Confira o Guia HSI para uma Alimentação sem Carne 

Traduzido com a colaboração de Aline Alegria


Veja algumas das referências (em inglês):

World Health Organization. Obesity and Overweight. http://www.who.int/dietphysicalactivity/publications/facts/obesity/en/. Accessed June 20, 2008.

Steinfeld H, Gerber P, Wassenaar T, Castel V, Rosales M, and De Haan C. 2006. Livestock’s long shadow: environmental issues and options (Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations, p.10). http://milk.procon.org/sourcefiles/LivestocksLongShadow.pdf . Accessed June 20, 2008.

American Dietetic Association. 2009. Appropriate Planned Vegetarian Diets Are Healthful, May Help in Disease Prevention and Treatment, Says American Dietetic Association. Press Release published on July 1, 2009. Available at: http://www.eatright.org/Media/content.aspx?id=1233. Accessed on August 6, 2010.

Dê passos em direção a uma dieta mais saudável e consciente

Humane Society International


  • David Sack/Getty

Para muitos, a idéia de fazer uma revisão de uma vida de hábitos alimentares pode ser intimidante. Nem todo mundo está disposto a fazer a transição entre comer carne todos os dias e, da noite para o dia, tornar-se vegetariano.

Mas esta reflexão não precisa ser do tipo “tudo ou nada. Independentemente de qual seja a sua motivação primária – proteger o meio ambiente, promover o bem-estar dos animais ou cuidar da saúde -, você pode dar um significativo primeiro passo tornando-se um “flexitariano”. O termo mistura “flexível” e “vegetariano” para descrever aqueles que escolhem uma abordagem de evitar a carne numa parte do tempo.

“Um flexitariano acorda todos os dias tentando se tornar mais vegetariano”, diz Dawn Jackson Blatner, porta-voz da Associação Dietética Americana e autor de A Dieta Flexitariana. “Não se trata de perfeição, e sim sobre o progresso.”

Ao promover a alimentação consciente, a HSI abraça a abordagem dos “Três Rs”: reduzir o consumo de produtos de origem animal; refinar a dieta, evitando alimentos criados nos piores sistemas produção; e renovar seu cardápio, substituindo os produtos animais por deliciosos alimentos à base de vegetais. Programas de sucesso como a Segunda sem Carne – adotada  por faculdades, estabelecimentos e municípios em todo o mundo- têm ajudado as pessoas a verem, um dia por semana, como a culinária vegetariana pode ser fácil e deliciosa. 

Seja qual for a sua abordagem, há uma abundância de receitas vegetarianas saborosas e fáceis. Existem também maneiras fáceis de substituir os laticínios e ovos das suas receitas favoritas com ingredientes à base de vegetais. Confira nossas receitas sem carne vindas da China, da Índia, da América Latina e de outras regiões, bem como o Guia HSI para uma Alimentação sem Carne, para mais dicas sobre a alimentação humana.

Traduzido com a colaboração de Aline Alegria

Humane Society International


  • istock

Mais de 77 bilhões de animais terrestres foram criados para o consumo humano apenas no ano de 2013, o que resulta em vastos impactos ambientais. A produção animal é um dos fatores que mais contribui para o aquecimento global, o desmatamento, a poluição da água e o uso de recursos hídricos.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o setor de produção animal é responsável por quase um quinto das emissões de gases do efeito estufa geradas por atividades humanas. Gases responsáveis pelas mudanças climáticas são liberados na atmosfera em quase todos os estágios da produção de carnes, ovos e leite, e podem causar desequilíbrios no clima, na temperatura e nos ecossistemas.

Terras

Em todo o mundo, utilizamos mais terras para alimentar animais de produção do que para qualquer outro fim. Mais de 97% do farelo de soja e 60% da produção global de cevada e milho são usadas para alimentar animais de produção.

Os animais de produção já degradaram cerca de um quinto dos pastos e pastagens em nível global. Além disso, cerca de 70% das áreas desmatadas na Amazônia foram convertidas em pastos, enquanto os restantes 30% são usados principalmente para produzir ração animal. A degradação de terras pode ter um impacto profundo na nossa habilidade de conservar os recursos naturais de importância vital e pode resultar na diminuição de fontes de abastecimento de água e extinção de espécies animais e vegetais.

Ademais, em sistemas de produção animal industrial—as chamadas granjas-fábrica—milhares de animais são confinados em espaços fechados e produzem uma quantidade de dejetos que pode exceder a capacidade de absorção das terras que estão ao redor dessas áreas. As granjas-fábrica podem ameaçar a qualidade da água, do solo e do ar ao borrifar dejetos minimamente tratados ou não-tratados nos campos.

Água

O setor de produção animal também é um dos maiores consumidores dos já escassos recursos hídricos, sendo responsável por cerca de 29% do consumo de água de todo o setor agrícola. Produtos de origem animal geralmente têm uma pegada hídrica maior do que produtos de origem não-animal. Por exemplo, em termos equivalentes no fornecimento de proteínas, a pegada hídrica da carne bovina é seis vezes maior do que a da produção de legumes. No caso da carne de frango, ovos e leite, a pegada hídrica é 1.5 vezes maior do que a dos legumes.

Soluções

A mitigação desses sérios problemas requer extensas e imediatas mudanças nas atuais práticas de produção animal e padrões de consumo. Cada um de nós pode diminuir sua pegada ambiental ao reduzir o consumo de produtos que contenham carnes, ovos e leite. Nos EUA, se uma família com padrão de consumo mediano mudar sua dieta baseada em carne vermelha e laticínios para uma dieta a base de produtos de origem vegetal apenas uma vez por semana, essa família estará reduzindo suas emissões de gases de efeito estufa equivalentes a dirigir cerca de 1,600 quilômetros por ano. Além disso, a adoção de uma dieta estritamente vegetariana pode reduzir a pegada hídrica em até um terço.

Acesse o Guia HSI para uma Alimentação sem Carne, descubra deliciosas receitas vegetarianas e aprenda como a alimentação vegetariana pode melhorar sua saúde, reduzir o sofrimento animal e ajudar a proteger o meio ambiente.

Traduzido com a colaboração de Vanessa Yazbek


Veja algumas das referências (em inglês):

Mekonnen MM and Hoekstra AY. 2012. A global assessment of the water footprint of farm animal products. Ecosystems 15:401-15.

Steinfeld H, Gerber P, Wassenaar T, Castel V, Rosales M, and de Haan C. 2006. Livestock‘s long shadow: environmental issues and options. Food and Agriculture Organization of the United Nations.

Pew Commission on Industrial Farm Animal Production. 2008. Putting meat on the table: industrial farm animal production in America. http://www.ncifap.org/bin/e/j/PCIFAPFin.pdf. Accessed May 18, 2010.

Weber CL and Matthews HS. 2008. Food-miles and the relative climate impacts of food choices in the United States. Environmental Science & Technology 42(10):3508-13.

 

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