FLORIANÓPOLIS, Brasil—O que se segue é a declaração de abertura da Humane Society International no início da 67ª reunião da Comissão Internacional da Baleia:
A Comissão Internacional Baleeira (CBI), assim como a Convenção Internacional para a Regulamentação da Pesca da Baleia, documento que a estabeleceu, surgiu no momento em que houve uma compreensão e reconhecimento do enorme prejuízo causado pela caça comercial à população dos cetáceos ao redor do mundo.
A atribuição da Comissão sempre foi difícil; e tornou-se ainda mais complicada frente às mudanças de atitudes em relação às baleias e às atividades baleeiras, à expansão de nosso entendimento sobre a população dos cetáceos pelo mundo, e de nossa avaliação a respeito dos riscos à sua sobrevivência.
Em 1946, poucos questionavam a legitimidade da caça às baleias, portanto parecia adequado à época regular esta atividade por meio de um acordo internacional.
No entanto, mesmo naquela época, a Convenção já igualmente enfatizava a conservação das baleias; fato este ocorrido muito antes desse pensamento se tornar majoritário. Isso foi uma fantástica predição, considerando as suas origens. E isso fez toda a diferença.
Hoje, três quartos de século se passaram, a conservação é a norma, e a adoção pela Comissão de uma moratória global sobre a caça comercial à baleia, que poupou milhares de animais é sabidamente um marco importante de sucesso.
O mundo era outro em 1946, e hoje, acredita-se que a caça às baleias apenas pode ocorrer de forma rara e em circunstâncias especiais – especificamente as relativas à subsistência de aborígines, quando necessidades humanas genuínas estão em risco.
Há quase consenso universal de que a caça comercial às baleias é insustentável biológica e economicamente, que causa sofrimento inaceitável e que as baleias merecem e devem receber a proteção mais completa possível.
Após quase trinta anos da adoção, a moratória da atividade baleeira é a base de referência para as deliberações globais em relação a esses animais.
Acreditamos que a CBI não deve considerar nem adotar qualquer proposta que venha a colocar em risco os enormes ganhos obtidos pela moratória da caça comercial às baleias.
Em boa fé que pedimos àqueles poucos países que ainda praticam este tipo de caça que respeitem o julgamento da comunidade das nações, a história, e o fato de que a moratória foi e continua sendo a melhor ferramenta já adotada para garantir a recuperação das populações de baleias e prevenir o seu declínio futuro.
À luz do seu impacto histórico, os esforços constantes de algumas nações para acabar com a moratória dentro da própria Comissão tornaram-se cada vez mais falaciosos.
Críticas de que a Comissão seria disfuncional, propostas para mudar o Cronograma para permitir a caça comercial, campanhas para o reconhecimento de uma nova forma de caça à baleia (baleação costeira de pequeno porte), exigência de expansão e comercialização das cotas de subsistência dos aborígenes, recusa em respeitar os santuários existentes ou aceitar a criação de novos e, a continuidade da caça às baleias sob exceção de vários países membros – tudo isso, nada mais é que um ataque à integridade da CBI e a Convenção.
Tome medidas agora para ajudar as baleias.
Essas ações constituem um desperdício de tempo e impedimento para a realização do trabalho urgente da CBI de garantir a recuperação e a boa saúde das populações de baleias em todo o planeta.
Nas últimas décadas, a Comissão avançou consolidando uma ampla e crescente agenda de trabalho a fim de melhor compreender e mitigar as ameaças aos cetáceos em nossos oceanos que estão em uma grande degradação.
Essas ameaças incluem também outros impactos provocados pelos humanos à sobrevivência das baleias – poluição e degradação de seu habitat, doenças emergentes, ruídos marinhos, colisões de navios e, sem dúvida, o mais importante de todos, o fato das baleias se enredarem nos materiais de pesca.
Com esses riscos aumentando a cada ano, seria uma atitude irresponsável da Comissão fazer qualquer coisa senão o de reforçar a moratória da caça comercial de baleias.
Especialmente à luz do que estamos aprendendo sobre o curso provável das mudanças climáticas globais, a CBI e seus membros têm a obrigação coletiva de adotar uma abordagem de precaução em relação ao tema.
Nunca, fomos tão claros quanto à necessidade da boa vontade dos países baleeiros. Nunca, antes, precisamos tanto do compromisso destes países para a continuidade da moratória da caça comercial às baleias. Nunca, antes, foi tão importante que os países membros da CBI trabalhem em conjunto para garantir a maior proteção possível para os cetáceos, e fazer dos oceanos um lugar mais seguro para que eles vivam.
Estamos orgulhosos de participar da CBI para observar e ajudar no desenvolvimento do trabalho desta instituição, que é urgente, essencial e efetivo no que concerne à conservação e ao bem-estar dos cetáceos. Está claro para nós, e para mais de 100.000 pessoas de diversos países que assinaram o apelo abaixo em apenas 14 dias, o que se espera da CBI é uma agenda orientada para o futuro e para a conservação.
“Acredito que a caça comercial de baleias é cruel, desnecessária e irresponsável. Eu apoio o apelo da Humane Society International para que todos os países membros da CBI se posicionem contrários à proposta do Japão de retomar as suas atividades de caça comercial. As baleias já enfrentam muitas ameaças, e o retorno a essa prática comercial baleeira é a última coisa que elas precisam.”
FIM
Contato de mídia: Wendy Higgins, Director of International Media, HSI/UK, whiggins@hsi.org