Mais de 77 bilhões de animais terrestres foram criados para o consumo humano apenas no ano de 2013, o que resulta em vastos impactos ambientais. A produção animal é um dos fatores que mais contribui para o aquecimento global, o desmatamento, a poluição da água e o uso de recursos hídricos.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o setor de produção animal é responsável por quase um quinto das emissões de gases do efeito estufa geradas por atividades humanas. Gases responsáveis pelas mudanças climáticas são liberados na atmosfera em quase todos os estágios da produção de carnes, ovos e leite, e podem causar desequilíbrios no clima, na temperatura e nos ecossistemas.
Terras
Em todo o mundo, utilizamos mais terras para alimentar animais de produção do que para qualquer outro fim. Mais de 97% do farelo de soja e 60% da produção global de cevada e milho são usadas para alimentar animais de produção.
Os animais de produção já degradaram cerca de um quinto dos pastos e pastagens em nível global. Além disso, cerca de 70% das áreas desmatadas na Amazônia foram convertidas em pastos, enquanto os restantes 30% são usados principalmente para produzir ração animal. A degradação de terras pode ter um impacto profundo na nossa habilidade de conservar os recursos naturais de importância vital e pode resultar na diminuição de fontes de abastecimento de água e extinção de espécies animais e vegetais.
Ademais, em sistemas de produção animal industrial—as chamadas granjas-fábrica—milhares de animais são confinados em espaços fechados e produzem uma quantidade de dejetos que pode exceder a capacidade de absorção das terras que estão ao redor dessas áreas. As granjas-fábrica podem ameaçar a qualidade da água, do solo e do ar ao borrifar dejetos minimamente tratados ou não-tratados nos campos.
Água
O setor de produção animal também é um dos maiores consumidores dos já escassos recursos hídricos, sendo responsável por cerca de 29% do consumo de água de todo o setor agrícola. Produtos de origem animal geralmente têm uma pegada hídrica maior do que produtos de origem não-animal. Por exemplo, em termos equivalentes no fornecimento de proteínas, a pegada hídrica da carne bovina é seis vezes maior do que a da produção de legumes. No caso da carne de frango, ovos e leite, a pegada hídrica é 1.5 vezes maior do que a dos legumes.
Soluções
A mitigação desses sérios problemas requer extensas e imediatas mudanças nas atuais práticas de produção animal e padrões de consumo. Cada um de nós pode diminuir sua pegada ambiental ao reduzir o consumo de produtos que contenham carnes, ovos e leite. Nos EUA, se uma família com padrão de consumo mediano mudar sua dieta baseada em carne vermelha e laticínios para uma dieta a base de produtos de origem vegetal apenas uma vez por semana, essa família estará reduzindo suas emissões de gases de efeito estufa equivalentes a dirigir cerca de 1,600 quilômetros por ano. Além disso, a adoção de uma dieta estritamente vegetariana pode reduzir a pegada hídrica em até um terço.
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Traduzido com a colaboração de Vanessa Yazbek
Veja algumas das referências (em inglês):
Mekonnen MM and Hoekstra AY. 2012. A global assessment of the water footprint of farm animal products. Ecosystems 15:401-15.
Steinfeld H, Gerber P, Wassenaar T, Castel V, Rosales M, and de Haan C. 2006. Livestock‘s long shadow: environmental issues and options. Food and Agriculture Organization of the United Nations.
Pew Commission on Industrial Farm Animal Production. 2008. Putting meat on the table: industrial farm animal production in America. http://www.ncifap.org/bin/e/j/PCIFAPFin.pdf. Accessed May 18, 2010.
Weber CL and Matthews HS. 2008. Food-miles and the relative climate impacts of food choices in the United States. Environmental Science & Technology 42(10):3508-13.